Por Jayme Fogagnolo Cobra
A economia do Brasil e do mundo está passando por um grande abalo nesse momento. Sair dessa crise vai exigir de todos nós um novo olhar e novas soluções para as empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, em praticamente todos os setores. Por isso, resolvi contar uma parte da nossa história recente na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra , compartilhar um caminho diferente que tomamos há pouco mais de 10 anos e o que aprendemos com isso e assim, de alguma forma, provocar a criatividade para encontar novos horizontes e soluções para os desafios cada vez mais complexos que se avizinham. Mas antes, é preciso contextualizar.
A especialização na administração e na medicina
A medicina é talvez uma das profissões mais antigas que a nossa sociedade conhece. No Egito antigo bem como no extremo oriente já existiam relatos de médicos especialistas. Todavia essa forma de especialização como conhecemos hoje começou no século XVIII com o avanço da ciência. No início, o médico recém formado, somente após acompanhar um outro médico mais experiente (um tutor), treinar e estudar com ele durante muitos anos, podia se dizer especialista em algua área da medicina. Só depois, nas décadas de 1960-1970 começaram a surgir as primeiras residências médicas.
Por outro lado, a administração é bem mais recente que a medicina. Ainda assim desde o princípio das Teorias da Administração já se falava na divisão das tarefas e, por conseguinte, na especialização. Talvez o melhor exemplo seja a cena clássica de Chaplin enlouquecendo de tanto apertar parafusos no filme Tempos Modernos. No cerne estava a preocupação com a racionalidade do trabalho para ser cada vez mais eficiente, assegurando a qualidade e a organização dos processos.
Como era a reumatologia
A reumatologia, aqui no Brasil, teve inicio na década de 1950, sempre foi uma especialidade exercida basicamente em consultório. Resgatando um pouco da trajetória da nossa Clínica, o meu avô, Prof. Dr. Castor Jordão Cobra teve muito sucesso em sua carreira, conseguiu construir um grande consultório, com uma enorme clientela, que ele conciliou com outras atividades, principalmente as acadêmicas. Naquela época ele utilizava muito a internação hospitalar como rotina para realizar alguns exames diagnósticos e iniciar determinados tipos de tratamentos que necessitassem de monitoramento pelo médico.
O tempo foi passando, os fármacos evoluíram e ficaram cada vez mais seguros, os exames subsidiários passaram a ser mais acessíveis e o acesso ao reumatologista começou a ficar mais frequente. Diante disso, os diagnósticos se tornaram mais precoces e conseguíamos iniciar os tratamentos com mais segurança. Logo, percebemos que, dependendo do caso, não precisávamos de doses tão altas dos medicamentos e começou a diminuir bastante a necessidade de internação.
A partir da década de 1980, começamos a deixar de frequentar os hospitais. Não havia mais necessidade de expor o paciente ao ambiente hospitalar, correndo risco de infecção e onerando desnecessariamente o sistema de saúde, já que conseguíamos obter os mesmos desfechos clínicos tratando de forma totalmente ambulatorial. Por um lado isso foi positivo, mas por outro, gerou um problema: a ausência do reumatologista no hospital.
A oportunidade identificada
Então, ao longo da década de 1990 e início dos anos 2000, a grande maioria dos reumatologistas atuantes, dedicavam-se aos seus consultórios ou hospitais-escola. Era raro encontrar um reumatologista atuando em hospitais de mercado. Quando eventualmente um paciente era internado via pronto-socorro com alguma doença reumática, a maioria dos hospitais tinham dificuldade em acionar um reumatologista para acompanhar o caso internamente. Na época, eu como gestor de um grande hospital em São Paulo, senti na pele essa dificuldade e pensava em como poderia ajudar nesse processo.
Foi então que surgiu a ideia de criar serviços de reumatologia dentro dos hospitais com a prestação de serviço bastante ampla dentro da especialidade, disponibilizando uma equipe de especialistas presentes no hospital todos os dias para atendimento ambulatorial, interconsultas, acompanhamento dos doentes internados para a reumatologia outras especialidades, UTIs e monitoramento dos tratamentos. Uma solução para que todos os players do sistema pudessem se beneficiar.
Nós conseguimos oferecer toda a experiência e padrões de atendimento desenvolvidos por mais de 7 décadas na da Clínica de Reumatologia Prof. Castor Jordão Cobra aos pacientes e operadoras de planos de saúde, uma vez que passamos a atende-los, dentro dos hospitais, o que não seria possível na nossa Clínica.
Desta forma foi possível ampliar as atividades da nossa Clínica e ampliar o acesso dos doentes reumáticos ao nosso tratamento e acompanhamento, por meio dos serviços prestados nos hospitais.
Os hospitais passaram a ter um serviço que eles não tinham, com ambulatórios pujantes, liderados por médicos experientes, renomados e pesquisadores de ponta, com a credibilidade conquistada nas mais de 75 anos de funcionamento da nossa Clínica e que gerava desdobramentos principalmente na cadeia de tratamentos. Com isso, os hospitais passaram a ter acesso à uma cadeia de valor importante, pois os tratamentos dos doentes reumatológicos, naquela época, eram realizados normalmente dentro de clínicas de oncologia e em clínicas de infusão de medicamentos.
As estruturas hospitalares em todos os seus aspectos, treinamento contínuo dos profissionais envolvidos, gestão da qualidade e certificações nacionais e internacionais como a JCI por exemplo, que são a realidade nos hospitais onde estamos inseridos, fazem uma grande diferença positiva que garante maior segurança aos doentes em tratamento e transparência em todos os processos que envolvem esses tratamentos de alto custo.
Por isso, também, decidimos ir por esse caminho e não abrir um centro de infusão próprio, como muitos fizeram na mesma época.
Resultados que falam por si
Expandimos esse modelo de negócio e, hoje, somos responsáveis pelos serviços de reumatologia de 8 hospitais em São Paulo, ABC e Santos. São mais de 25 mil doentes em tratamento dentro dos hospitais, por meio de inúmeras operadoras de planos de saúde credenciadas a estes hospitais. Acreditamos que essa experiência possa ser um caminho possível para outras especialidades médicas. Vamos acompanhar essa evolução.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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