Por Jayme Fogagnolo Cobra
O envelhecimento da população mundial e a mudança de hábitos da nossa sociedade e o aumento da incidência de doenças crônicas têm desafiado a indústria farmacêutica. E, agora em meio a essa pandemia da Covid-19, temos visto uma grande pressão na indústria farmacêutica por um tratamento eficiente ou pelo desenvolvimento de uma vacina. No entanto, a natureza nos ensina que tudo tem o seu tempo, mesmo quando queremos apressá-lo, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e testes clínicos exigem, além da inovação tecnológica em si, muita dedicação e muito investimento de tempo e dinheiro.
Patentes
Antes de falar das novas tecnologias, acho importante abrir um parêntesis para falar sobre as patentes. Até chegar a uma nova molécula, quantas tentativas ficam pelo caminho? Algumas poucas tomam um pequeno desvio e se tornam um tratamento eficiente para alguma outra doença diferente do alvo inicial.
Os sistemas de saúde seguem em um equilíbrio delicado para garantir a sua evolução e a sustentabilidades dos diversos players. Pois da mesma forma que é importante garantir acesso aos novos fármacos para boa parte da população, também é de fundamental importância entender que a indústria farmacêutica precisa ter o retorno desse investimento em P&D de modo a garantir a sua perenidade.
Desenvolvendo novos fármacos
Voltando ao nosso ponto principal, o setor de P&D está em constante evolução, principalmente dentro dessa indústria. Estamos a ver uma importante mudança de foco, dos sintomas para as causas das doenças. Estamos falando de novas terapias genéticas, nanotecnologia, bioengenharia, a chamada tecnologia biológica que pode personalizar desde o remédio, até o tecido das roupas, passando pela comida, cosméticos e muitos outros. Segundo dados da consultoria McKinsey, em 2018, mais de 20 bilhões de dólares foram investidos em tecnologias biológicas. Trabalhar com todas essas novidades exige novas habilidades e capacidades técnicas. Escrevi um pouco sobre esses avanços tecnológicos nesse outro artigo.
Na indústria farmacêutica, podemos ver esse grande impacto na transformação dos processos de desenvolvimento de novos fármacos que vêm sendo de certa forma barateados e acelerados. Esses processos, além das fases pré-clinica, envolvem a criação do protocolo, seleção e recrutamento dos pacientes, monitoramento clínico, gerenciamento e análise de dados e o desenvolvimento dos artigos.
A começar pela identificação dos pacientes, aumento da diversidade, seleção por diversas fontes, as novas tecnologias de comunicação e a Internet das Coisas (os chamados wearables) permitem o monitoramento praticamente em tempo real e o acesso a um novo volume de informações que influencia diretamente na pesquisa quando estão consolidados. Por outro lado, toda essa comunicação traz preocupação em relação a privacidade dos dados e com os reguladores. De posse desse volume de informações entram as análises preditivas e a inteligência artificial para gerar novos insights que são extremamente valiosos para os pesquisadores alcançarem novas descobertas.
Isso tudo está acontecendo em razão do alto investimento da indústria farmacêutica, da entrada de novos players na cadeia como as startups de saúde e, é claro, do surgimento de novas tecnologias propriamente ditas. Shakespeare escreveu: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”. Eu diria que entre uma ideia e um novo fármaco é a mesma coisa.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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