Por Felipe Mendonça para Diário da Região
Outubro é o mês dedicado a combater doenças reumáticas. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, as doenças reumáticas afetam cerca de 15 milhões de pessoas no Brasil, prejudicando diretamente o aparelho locomotor. A campanha tem como objetivo mostrar a importância do diagnóstico precoce, para a realização do tratamento imediato.
Diferentemente do que muitos pensam, as doenças reumáticas não acometem apenas idosos. Adultos, jovens e até crianças podem sofrer com o problema. “Existe uma crença equivocada de que doenças reumáticas, também conhecidas popularmente como reumatismos, são doenças exclusivas da idade avançada, ou seja, do idoso. Na verdade, as doenças reumáticas podem acometer qualquer faixa etária, inclusive crianças. Cada doença reumática tem uma certa predileção por idades específicas. Por exemplo, a osteoartrite, popularmente conhecida como ‘artrose’, é de fato bem mais frequente no idoso, geralmente ocorrendo a partir dos 50 anos. Já a febre reumática, inicia-se quase que exclusivamente antes dos 20 anos. Ou seja, dependendo da doença reumática, a faixa etária mais acometida é diferente, incluindo no conjunto das doenças todas as faixas etárias”, diz o reumatologista Felipe Mendonça de Santana, da Cobra Reumatologia.
Segundo o médico, cada doença reumática tem um gatilho para seu início, bem como fatores de riscos próprios. Sendo assim, as medidas preventivas variam de acordo com cada doença reumática. “Algumas delas apresentam fatores de riscos que não são modificáveis, ou seja, não são preveníveis. Por exemplo, a espondilite anquilosante, uma doença reumática que acomete preferencialmente a coluna de pessoas jovens, é influenciada principalmente por fatores genéticos, que não são, por sua vez, preveníveis ou modificáveis. Já a gota, uma doença reumática que surge por um excesso de ácido úrico no sangue, apesar de ter um componente genético, é também influenciada pelo padrão dietético. Sendo assim, uma dieta balanceada e saudável, evitando alimentos ricos em ácido úrico (bebidas alcoólicas, carnes vermelhas, frutos do mar) ajuda a reduzir a chance de a doença vir a se manifestar. Da mesma forma, as artroses das articulações (‘juntas’) dos membros inferiores, como é o caso da artrose do quadril e do joelho, é muito influenciada pelo peso excessivo, e padrões dietéticos e exercícios que ajudem a manter um peso adequado são fundamentais para evitar o surgimento e a progressão dessas doenças”, explica.
Como diagnosticar doenças reumáticas
O diagnóstico das doenças reumáticas é sempre baseado pelas queixas dos pacientes. Santana explica que apesar do quadro clínico variar substancialmente a depender do tipo de reumatismo em questão, a maioria das doenças reumáticas apresentam alguma combinação dos seguintes sinais e sintomas: dores nas juntas por mais de seis semanas; calor, vermelhidão e inchaço nas juntas; dificuldade para se movimentar ao acordar; dores e fadigas musculares.
O médico diz que diante de alguns destes sintomas, é necessário realizar uma investigação com um reumatologista, que procederá com um exame físico das juntas e, na maioria dos casos, com a solicitação de exames complementares que ajudam definir qual o tipo de reumatismo em questão. “Uma vez identificada a doença reumática, o tratamento instituído poderá incluir mudanças no padrão dietético, exercícios específicos de reabilitação, medicações (sejam orais ou injetáveis) e, em alguns casos, até mesmo cirurgia. É importante ter em mente que a maioria dos reumatismos são crônicos, ou seja, persistem durante toda a vida, e consequentemente necessitam de acompanhamento e tratamento continuado”, alerta.
Saiba mais
O reumatismo é um termo popular que se refere às doenças reumáticas. Estas representam, na realidade, um grupo de patologias – mais de 100 – que afetam o aparelho locomotor, como articulações (“juntas”), músculos, cartilagens, ossos, tendões e ligamentos. Além do aparelho locomotor, as doenças reumáticas também podem atingir outras partes do corpo, como olhos, intestino, coração, pulmões, rins e, até mesmo, a pele. Entre as mais comuns estão a osteoporose, tendinites, febre reumática, fibromialgia, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, gota, entre outras.
* Felipe Mendonça é reumatologista, na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra, em São Paulo.
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