Por Jayme Fogagnolo Cobra
Passando os olhos rapidamente, esse título parece conter um paradoxo: como uma tecnologia de atendimento virtual aproxima as pessoas?
A verdade é que se tem uma lição que essa pandemia trouxe para a nossa sociedade é que nós não precisamos estar fisicamente juntos para estar perto. Esse “novo normal” se aplica também a relação médico-paciente.
No artigo passado, eu comentei sobre o déficit de profissionais de saúde no Brasil e falei mais especificamente sobre os reumatologistas. Essa situação não é de hoje. No livro que conta a história da nossa Clínica, vocês podem ver fotos do meu avô atendendo por telefone em meados da década de 1950/1960. Vale lembrar que nessa época telefone era caríssimo e estava disponível para poucos. E por que ele fazia isso?
Porque já nessa época tínhamos pacientes que vinham se tratar na Clínica de todos os cantos do país. O que valia no passado, ainda é válido para os dias atuais: o início do tratamento reumatológico precisa necessariamente de consultas presenciais, porque toda informação que o paciente nos dá é relevante. É importante conhecermos sua história, seus hábitos, e entender suas queixas. Vamos aliar a boa anamnese com os exames clínicos – esses sim avançaram bastante – para formar um diagnóstico e dar início ao tratamento. Com o paciente estabilizado podemos fazer o acompanhamento a distância. Meu avô fazia por telefone. Hoje, com recursos variados, isso se chama telemedicina.
Eu já comentei em diversos artigos que nós, médicos, não podemos esquecer das desigualdades do Brasil. Somos um país em desenvolvimento. Não podemos nos dar ao luxo de incinerar recursos financeiros, principalmente na saúde (seja no setor público ou privado). Precisamos usar a tecnologia a nosso favor. O Conselho Federal de Medicina alterou em março a resolução que trata da telemedicina em caráter excepcional. Espero que esse grande teste que está sendo esse período de pandemia, permita mudar o pensamento de parte da classe médica que via essa modalidade como uma grande ameaça.
As plataformas de telemedicina nos permitem fazer consultas ambulatoriais, triagem, monitoramentos especiais, suporte assistencial, fazer alterações e/ou adaptações na prescrição médica. Ou seja, é uma forma de otimizar tempo e recursos dos médicos e dos pacientes.
Ganha o paciente que consegue sanar suas dúvidas e compreende melhor o andamento do tratamento. Ganha o médico que tem como objetivo principal oferecer os melhores recursos terapêuticos para o seu paciente e diminui as chances do paciente interromper o tratamento no meio. E ganha o sistema pois um paciente tratado adequadamente evita complicações e sequelas no futuro.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
Publicado originalmente no LinkedIn: Visualizar no LinkedIn
Posts Relacionados
Entrevista da Dra. Jaqueline Lopes, para o programa Manhã Brasil da Rádio Brasil Campinas
Entrevista da Dra. Jaqueline Lopes, para o programa Manhã Brasil da Rádio Brasil Campinas
Por Jaqueline Lopes para Rádio Brasil A Dra. Jaqueline Lopes, participou do programa Manhã Brasil da Rádio Brasil...
Um panorama da saúde no Brasil: Planos de Saúde e o SUS
Por Jayme Fogagnolo Cobra Com esse artigo, começo uma série de análises sobre os principais stakeholders do mercado de...