Por Jayme Fogagnolo Cobra
Em geral, uma das principais queixas do doente reumático é a dor. Em busca de acabar com essa dor, é comum o paciente passar por alguns médicos, tentar alguma medicação, mas ainda não conseguir encontrar a solução para o seu problema. A dor crônica observada nas doenças reumáticas podem ser devastadoras para quem as sente. Imagine, então, como chega um paciente reumático em nosso consultório, tendo convivido com a dor há muito tempo?
A dor crônica é uma das principais causas de incapacitação para o trabalho, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o protocolo do Ministério da Saúde, não há dados disponíveis no Brasil sobre a prevalência de dor crônica. Dados norte-americanos mostram que 31% da população têm dor crônica, acarretando incapacidade total ou parcial em 75% dos casos[i].
A reumatologia em si é uma especialidade muito complexa. Vários fatores podem causar dor, mesmo em pacientes que estejam com suas doenças em remissão, por isso o médico precisa exercer esse olhar sistêmico para ver o paciente como um todo. O reumatologista precisa ter habilidade de comunicação para traduzir essa complexidade em informações simples que ajudem o paciente a entender o que está acontecendo no corpo dele e como será o tratamento. Muitas vezes será preciso uma abordagem multidisciplinar e incluir parentes e amigos para oferecer uma rede de apoio, pois as doenças reumáticas podem impactar aspectos físicos, emocionais e sociais.
O atendimento de qualidade passa por acolher esse paciente e compreender como a dor está afetando a sua vida, principalmente porque a dor tem o seu componente de subjetividade. Por meio da conversa, precisamos entender seus hábitos e costumes para saber o que pode vir a contribuir ou a atrapalhar o seu tratamento. O paciente que vem para o consultório quer que você o trate como indivíduo e naquele momento ele quer a sua atenção total. Ele não quer se sentir como um número ou uma estatística.
Aqui na clínica, tudo o que fazemos é pensado para o bem-estar do paciente. O foco é sempre esse. Então, todos os detalhes, desde o recipiente de água, foi pensando no movimento que o paciente vai fazer, até as salas de atendimento no térreo para os pacientes com mobilidade reduzida.
Na reumatologia o tempo é um aliado importante. Um diagnóstico precoce auxilia no prognóstico favorável, inclusive na escolha e no tempo de tratamento. Para o controle da dor, o reumatologista pode indicar o uso de medicamentos e/ou terapias farmacológicas ou não, recomendando, inclusive, a atividade física. Sim, é possível um paciente reumático viver sem dor.
[i] Dor Crônica – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – https://www.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/04/Dor-Cr–nica—PCDT-Formatado–1.pdf
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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