Por Jayme Fogagnolo Cobra
Eu já comentei aqui sobre algumas pesquisas que Camille e eu tivemos a oportunidade de participar com o Prof. Georg Schett, Chefe do Departamento de Reumatologia e Imunologia da Friedrich-Alexander Universität Erlangen-Nuremberg (FAU).
Nossa clínica é referência na área de reumatologia e sempre fomos conhecidos por aplicar métodos diferentes dos convencionais. Temos muito orgulho da nossa história, desde o princípio entendemos que a excelência no atendimento tem que andar de mãos dadas com a inovação. Por termos essa compreensão, valorizamos muito essa parceria Brasil – Alemanha. Nós sabemos que a reumatologia avança de forma exponencial e o nosso intuito é disponibilizar para os nossos pacientes o que há de melhor nos tratamentos.
Por ocasião do lançamento do livro sobre os 75 anos da Clínica que teve o prefácio escrito por ele, enviei algumas perguntas para o Professor Schett que eu agora aproveito para compartilhar com vocês:
Como você vê o futuro da reumatologia?
Schett: Os avanços tecnológicos terão grande impacto no futuro da reumatologia, assim como em qualquer outra disciplina médica. Esses desenvolvimentos irão alimentar primeiro a pesquisa e, posteriormente, também afetarão a prática clínica.
A caracterização molecular de tecidos e células está melhorando rapidamente com a padronização e implementação de tecnologias de sequenciamento de mRNA, agora amplamente utilizadas e que levaram a novas ideias fundamentais sobre a anatomia e a função das células nas células imunológicas articulares e circulantes. Tais tecnologias permitem a análise do fenótipo de pacientes e de doenças de uma maneira aprimorada, com a esperança de definir novas doenças e endótipos de doenças de maneira molecular.
Um segundo grande avanço pode ser visto na imagem molecular. Foram desenvolvidas sequências de ressonância magnética que podem medir o metabolismo celular in vivo, além de agora também estarem disponíveis novas tecnologias de tomografia que possibilitam o rastreamento da ativação de moléculas específicas em humanos. Embora essas técnicas estejam longe do uso diário, elas ajudarão na evolução da pesquisa clínica, permitindo uma melhor definição das doenças e disponibilizando ferramentas adicionais para o diagnóstico de casos mais difíceis.
Finalmente, a pesquisa sobre reumatologia e o atendimento clínico serão afetados pela inteligência artificial. Por exemplo, o reconhecimento de padrões radiográficos sugestivos de artrite será uma área em que o reconhecimento de padrões desempenhará um papel enorme. Tais tecnologias, como o aprendizado de máquina, não irão se limitar a aspectos específicos dos dados dos pacientes, mas permitirão encontrar padrões (por exemplo, de risco) em todo o espectro dos dados clínicos dos pacientes.
Como você vê a reumatologia no Brasil?
Schett: Por diversas vezes nos últimos anos, tive a oportunidade de discutir e trocar opiniões com reumatologistas brasileiros de diferentes regiões do país. Tenho a impressão de que a reumatologia brasileira atual está bem conectada e fortemente ancorada tanto em centros acadêmicos como em clínicas.
Acredito que a forte representação da reumatologia na medicina no Brasil se baseia na liderança de pessoas muito dedicadas, responsáveis pela evolução da especialidade no país. A meu ver, não há dúvida de que a Família Cobra contribuiu substancialmente para o sucesso da reumatologia brasileira e para a situação em que se encontra hoje.
O Brasil possui uma comunidade de reumatologia muito ativa, representando tanto centros acadêmicos como clínicas. Os reumatologistas brasileiros são muito bem treinados e beneficiam-se de uma grande variedade de programas e iniciativas educacionais.
Além disso, a minha impressão é de que existe uma excelente cooperação entre os reumatologistas do país, o que é refletido, por exemplo, em coortes nacionais de pacientes. Portanto, posso afirmar ser muito otimista com relação à continuidade desse bom espírito na reumatologia brasileira e ao sucesso do campo nos próximos anos.
Que conselho você deixa para jovens médicos?
Schett: Meu conselho para os jovens médicos é ir além do sistema educacional padrão. Vá para o exterior por algum tempo e aprenda algo diferente, como uma nova tecnologia que você poderá aplicar posteriormente em seu trabalho. Pense em trabalhar com um especialista e um mentor que possam ampliar o seu horizonte e permitir que você saia da zona de conforto.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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