Por Jayme Fogagnolo Cobra
A medicina é uma área que tem aproveitado e muito dos avanços da tecnologia. Nesse artigo, eu trouxe um pouco sobre como as medtechs estão influenciando os sistemas de saúde. No entanto, nenhum avanço substitui a importância de um exame físico minucioso, a boa propedêutica. Nada é mais relevante que a relação entre médico e paciente.
A medicina e os protocolos
Atualmente, os protocolos de atendimento e conduta médica se multiplicaram pela medicina. Eles são a forma encontrada para ter um mínimo de padronização das consultas, dos tratamentos, inclusive para determinar diagnósticos aportar mais segurança, confiabilidade e sob certo ponto de vista, credibilidade. Nas unidades básicas de saúde são utilizados como ferramenta de organização da demanda. Além disso, eles apoiam os médicos na tomada de decisão, porque carregam em si o embasamento dos estudos clínicos, das evidências e até de experiências anteriormente comprovadas. Por isso, o desenvolvimento é trabalhoso.
Os protocolos também foram criados para diminuir a diferença entre as condutas técnicas dos profissionais e minimizar as possibilidades de erro. Mas a prática da medicina não pode se limitar apenas ao conhecimento e aplicação dos protocolos, isso seria bastante limitado e superficial. Não se justificaria todo o investimento para a formação do médico se a profissão fosse apenas isso. O exercício da medicina é muito mais do que isso. Um bom médico tem que ir além, deve ter o embasamento científico e saber aplicá-lo, associando sua experiência e inteligência com o foco no o bem-estar do paciente, observando sempre também o sistema de saúde onde está inserido.
Atendimento humanizado no DNA
Aqui na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra essa visão já está fixada em nosso DNA. É assim desde a época do meu avô, ainda mais em razão da nossa especialidade. Na reumatologia, os exames subsidiarios avançaram muito e são importantes em muitas situações mas estão longe de serem soberanos. As informações que o paciente pode nos dar por meio da anamnese minuciosa e exame físico detalhado, para nós, tem muito mais valor do que uma parafernalha de exames que muitas vezes só oneram o sistema de saúde.
Por vezes comparamos o corpo humano à uma máquina perfeita, mas essa visão mecanicista causa um distanciamento em relação ao paciente. Falar em humanização do atendimento é resgatar a importância do diálogo, quando necessário é preciso envolver a família e entes mais próximos, é considerar o paciente como um todo e não só a doença que está ali para tratar.
Na reumatologia lidamos com pacientes que muitas vezes já passaram por vários médicos de outras especialidades e que estão sofrendo com uma dor que afeta sobremaneira sua qualidade de vida e produtividade. É preciso acolher essa pessoa para compreender seus medos e ansiedades, realizando um grande exercício de empatia para assim poder ajudá-lo com eficiência.
Sei que o acesso à saúde no Brasil sofre as mesmas desigualdades que vemos em nossa sociedade. O país é muito grande e os recursos são limitados. Muitos médicos, assim como os outros profissionais de saúde, sofrem com a falta de condições para oferecer o seu trabalho de maneira adequada, muitas vezes enfrenta múltiplas jornadas, atrasos de salários e falta de insumos básicos. Não estou alheio a esse cenário, mas quando falamos de humanização do atendimento é disponibilizar aquele momento de atenção, é ter uma escuta ativa a respeito do outro, é oferecer apoio e transmitir segurança e confiança a respeito das suas recomendações. É realmente ver a pessoa que está na sua frente.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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