Por Jayme Fogagnolo Cobra
A pandemia do novo coronavírus, COVID-19, não é a primeira que a humanidade enfrenta, mas é talvez a primeira dessa magnitude que a nossa geração e a geração de nossos pais testemunha. Acontecimentos como esse mostram que temos uma condição de vulnerabilidade como espécie, como civilização e como sociedade. Esse cenário nos ensina que precisamos trabalhar e nos preparar para episódios assim, porque cedo ou tarde vai acontecer novamente, mas com todos os avanços tecnológicos no mundo e na medicina, acredito que é possível lidar com situações críticas melhor estruturados.
É claro que com a pandemia nossas rotinas mudaram, mas na Clínica Prof. Dr. Castor Jordão Cobra, mudou menos do que as pessoas imaginam. Na clínica, adotamos as seguintes medidas imediatas: dispensamos todos os funcionários que têm idade acima de 60 anos da ida e vinda do consultório. Estão todos em casa, por prevenção. Também mudamos nossos horários e estamos trabalhando das 10h00 às 17h00. Alteramos o fluxo de entrada de pacientes na clínica e aqui vale detalhar um pouco mais.
Quando recebemos uma pessoa, a primeira coisa que é perguntado, ainda na porta, é se ela está com algum sintoma respiratório: tosse, falta de ar ou febre. Se tiver, é imediatamente fornecida uma máscara e essa pessoa é levada para uma sala especial que designamos nas instalações da clínica. Então, um médico de nossa equipe examina esse paciente e orienta em relação aos cuidados ele ou ela deve ter. Num cenário de consulta médica ambulatorial, se a pessoa está sintomática, não vai ser atendida naquele momento. Poderá ou não ser encaminhada a um hospital, dependendo de cada caso, e, se houver necessidade de isolamento, será acompanhada remotamente via telemedicina.
Aliás, a telemedicina tem se tornado uma ferramenta fundamental nesse período. Não só para os doentes que apresentam algum sintoma respiratório, mas para todos os nossos pacientes reumáticos que estão receosos de sair de casa. Desde o ano passado nós atendemos por meio da Conexa Saúde, mantendo prontuários atualizados, auxiliando em segunda opinião para outros profissionais de saúde, fazendo o nosso melhor para que o paciente consiga manter o tratamento como é recomendado. Já os pacientes que não estão sintomáticos, continuamos a atender normalmente.
Implementamos essa nova rotina na clínica e tem funcionado bem. Então, transportamos esses procedimentos para todos os hospitais onde atuamos, já que prestamos serviços de reumatologia em 8 hospitais de São Paulo, ABC Paulista e Santos. Apenas, é preciso mencionar que a nossa especialidade, não está diretamente ligada com a emergência da epidemia.
Agora para quem está na linha de frente, nas emergências, nos prontos-socorros, nas UTIs, o cenário é outro. É uma realidade diferente da que vivemos no atendimento clínico. É preciso ter um grande cuidado e uma atenção especial com os equipamentos de proteção individual (EPIs). Há paramentação específica, com equipamentos de proteção, máscaras especiais, óculos, luvas, roupas que protegem. Uma preocupação grande dos gestores de saúde nesse momento é fazer com que esses equipamentos cheguem para os médicos e enfermeiros. É por isso que recomendamos que a população em geral não faça estoque de máscaras. Elas devem ser direcionadas para profissionais da saúde e para pacientes que precisem se deslocar.
Em situações atípicas como a que estamos vivendo, é importante não criar pânico e manter um equilíbrio.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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