Por Jayme Fogagnolo Cobra
O mercado de saúde sempre apresentou grandes números do ponto de vista de negócios e vinha crescendo de forma significativa, antes do advento da pandemia do novo coronavírus. Em 2019, somente no Brasil, esse mercado ultrapassou a marca de 80 operações de fusão e aquisição – uma cifra considerável tendo em vista que apenas 25% da população tem acesso a planos de saúde. No mundo, os fundos de venture capital investiram cerca de 8,9 bilhões de dólares nas empresas voltadas para inovação em saúde. Nos EUA, cinco operações de IPO dessas empresas levantaram cerca 1,4 bilhão de dólares.
Avanços históricos
Ainda que estejamos passando por um momento de grande estresse, não podemos perder de vista a perspectiva histórica, avançamos muito na medicina, no entendimento do corpo humano, na tecnologia para diagnósticos, nos tratamentos e fármacos.
O fato é que os sistemas de saúde, no Brasil e ao redor do mundo, conseguiram aumentar não só a qualidade, mas também a expectativa de vida. O Japão, por exemplo, ultrapassou a incrível marca de 70 mil pessoas com mais de 100 anos. O Brasil passou pelo boom demográfico e virou sua pirâmide etária deixar de ser pirâmide. Hoje, contamos com mais de 28 milhões de brasileiros acima de 60 anos. Número que só tende a crescer com o passar dos anos.
A tecnologia na saúde
Esses avanços econômicos e sociais não significam que esteja tudo perfeito, pelo contrário vemos muitas reclamações sobre os sistemas de saúde e o aumento dos custos com as despesas médias. Se o mote da maioria dos empreendedores é encontrar a solução para um problema, no setor de saúde problemas é o que não faltam. Por isso, vemos uma explosão de startups voltadas a gestão hospitalar chamadas medtechs. Vemos também uma explosão de startups voltadas ao paciente, às pessoas que buscam o bem-estar e a medicina preventiva, chamadas de healthtechs. Com isso, grandes laboratórios e empresas da área médica passaram a se ver como empresas de tecnologia, pois consideram que nosso setor pode ser o próximo a passar por uma disrupção.
A digitalização de dados, prontuários de pacientes e até receitas médicas é o primeiro passo para uma economia de recursos gigantesca. As redes sociais, os aplicativos e a internet das coisas (IoT) serão utilizadas para estimular o desenvolvimento de um estilo de vida mais saudável e reduzir o impacto das doenças crônicas, auxiliar com as questões de saúde mental, e trabalhar a prevenção. A telemedicina será usada para aumentar o acesso aos serviços de saúde, consultas e diagnósticos (análise de exames à distância), e melhorar o monitoramento de pacientes, aspectos fundamentais num país de dimensões continentais como o nosso. Do ponto de vista da gestão veremos sistemas que utilizarão o big data e a inteligência artificial para desenvolver análises preditivas em relação aos registros médicos, tratamentos e medicação, transmissão de doenças e controles de epidemias. Além é claro da tecnologia utilizada aprimorar a administração de custos e receitas das empresas de saúde.
Acredito que essa seja uma das maiores lições que vamos tirar como humanidade dessa pandemia de Covid19: a saúde tem de ser vista como investimento, pois para que os avanços continuem a ocorrer é preciso investir em pesquisa, em tecnologia, em pessoas.
Jayme Fogagnolo Cobra, Médico na Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.
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